quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CHINA PROMETE PLANTAR FLORESTAS E USAR ENERGIAS RENOVÁVEIS

Na conferência de mais alto nível já realizada pela ONU para discutir a mudança climática, o governo da China comprometeu-se, nesta terça-feira (22) a plantar árvores suficientes para cobrir uma área igual à da Noruega e que, dentro de uma década, pelo menos 15% da energia consumida no país virá de fontes renováveis. O presidente chinês Hu Jintao também prometeu "passos determinados e práticos" para aumentar o uso de energia nuclear, melhorar a eficiência energética e reduzir, "por uma margem notável", a taxa de crescimento das emissões de carbono na comparação com o crescimento da economia. "Em jogo na luta contra o aquecimento global estão os interesses comuns de todo o mundo", disse Hu. "Por conta de um senso de responsabilidade para com seu próprio povo e com os povos do mundo, a China compreende completamente a importância e a urgência de se atacar a mudança climática".Muita atenção foi dada também ao primeiro discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, na ONU. Ele disse que seu país está "determinado a agir". "A ameaça da mudança climática é séria, é urgente e está aumentando", disse Obama. "E o tempo para virar a maré está acabando". As ambições mais específicas da China, no entanto, falaram mais alto que a retórica quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cobrou de presidentes, primeiros-ministros e outros líderes a "aceleração do passo das negociações e fortalecer a ambição das ofertas" para o novo pacto mundial que terá de ser formado em dezembro,em Copenhague. "O fracasso em atingir um acordo amplo em Copenhague seria moralmente indesculpável, economicamente míope e politicamente pouco inteligente", advertiu. "A ciência exige. A economia mundial requer".

A cúpula da ONU desta terça e a reunião do G20 marcada par Pittsburgh, mais para o fim da semana, têm, o objetivo de aumentar a pressão sobre os países ricos para que se comprometam, em Copenhague, com cortes obrigatórios nas emissões de gases causadores do efeito estufa a partir de 2013, e para que paguem para que os países mais pobres preservem suas florestas, queimem menos combustíveis fósseis e adaptem-se às condições do clima em mudança. Mas a China e outras economias em rápido desenvolvimento não aceitarão cortes obrigatórios de emissão de gases do efeito estufa. Os países em desenvolvimento "não se deve pedir (que os países em desenvolvimento) assumam obrigações além de seu estágio de desenvolvimento", disse Hu. Líderes disseram que, restando apenas três semanas de negociações, a probabilidade aumenta de que o resultado de Copenhague seja algo menos que um tratado pleno.

Decepção - Ambientalistas mostraram-se desapontados pelas falas de Obama e Hu."Foi um pouco decepcionante que a china não desse um número para a intensidade de gases causadores do efeito estufa. Esperava que saísse agora", disse Knut Alfsen, chefe de pesquisas do Centro Internacional de Pesquisas de Clima e Energia, de Oslo. "Mas foi um progresso. Há cinco anos, o clima nem era uma questão na China".

Ambientalistas atacaram Obama por ter sido muito genérico em seu discurso. "Estamos muito desapontados, mesmo, com o que Obama disse", afirmou o coordenador para clima do Greenpeace Internacional, Thomas Henningsen."Foi mais um passo para trás que para a frente", acrescentou, destacando que Obama, ao contrário de outros países, noa se comprometeu com nenhuma medida concreta.
Fonte: Estadão

DESASTRES NATURAIS DESALOJAM MILHÕES DE PESSOAS, DIZ ESTUDO


Enchentes, tempestades, estiagens e outros desastres naturais levaram 20 milhões de pessoas a abandonar suas casas no ano passado, quase quatro vezes mais do que o número de pessoas desalojadas por conflitos, informou um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) na terça-feira (22). O estudo tentou quantificar pela primeira vez o número de pessoas forçadas a deixar suas casas por causa da mudança climática. O aquecimento global está provocando um aumento na frequência e na intensidade das tempestades e em outros padrões de alteração do clima, então, os desastres são agora "um motivador extremamente significativo de desalojamento forçado no mundo", disse o relatório. O estudo afirmou que, em 2008, 36 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas por causa de desastres naturais de início rápido. O terremoto de Sichuan, na China, foi responsável pelo desalojamento de 15 milhões dessas pessoas, mas os desastres relacionados ao clima desabrigaram 90 por cento do restante. O relatório disse que outras muitas pessoas provavelmente foram forçadas a deixar suas casas por crises de estabelecimento mais lento, como as secas. O relatório foi feito em conjunto pelo Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários e pelo Centro de Monitoramento de Deslocados Internos (IDMC), um organismo que normalmente monitora os deslocamentos provocados por conflito. O objetivo foi "ver se era possível colocar o problema em números e desenvolver uma metodologia que nos permita a fazer isso ao longo do tempo", disse a chefe do IDMC, Kate Halff.

A resposta foi "sim", embora Halff tenha advertido que o esforço de monitoramento até agora "não nos dá nenhuma ideia sobre o período que essas pessoas estão desalojadas ou sobre suas necessidades. Neste estágio, são apenas um número. "No ano passado, mais de cinco milhões de pessoas foram desalojadas por enchentes na Índia, atribuídas, em parte, às mudanças no ciclo de monções do país. Nas Filipinas, quase dois milhões de pessoas foram forçadas a sair de casa por fortes tempestades. China e Mianmar também registraram desalojamentos em larga escala em razão de tempestades. A Ásia foi responsável por 90 por cento dos deslocamentos relacionados a desastres do ano passado, porque, segundo o relatório, "a Ásia é a região mais propensa a desastres."
Fonte: JB Online

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

BANCO MUNDIAL PRESSIONA PAÍSES RICOS A AGIR CONTRA AQUECIMENTO


Os países mais ricos precisam agir imediatamente e reduzir à força a emissão de gases causadores do efeito estufa, ou os crescentes custos das mudanças climáticas atingirão desproporcionalmente os países pobres, afirmou o Banco Mundial nesta terça-feira (15/09/09). Em um profundo relatório sobre a ameaça da mudança climática, o Banco Mundial afirmou que países em desenvolvimento arcarão com cerca de 75 a 80 por cento dos custos causados pelos danos da mudança climática e que os países ricos, que causaram a emissão no passado, devem pagar a eles para adaptarem-se ao aquecimento global. A entidade afirmou que o cuidado com as mudanças climáticas nos países em desenvolvimento não precisa comprometer as medidas de combate à pobreza e o crescimento econômico, mas salientou que o financiamento e suporte técnico dos países ricos é fundamental. O relatório é publicado antes da reunião de Copenhague em dezembro, onde os países esperam chegar a um acordo global para combater as mudanças climáticas. "Os países do mundo precisa agir agora, em conjunto e de forma diferenciada sobre a mudança climática", apontou o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick. "Os países em desenvolvimento são desproporcionalmente afetados pela mudança climática - uma crise na qual não participaram fortemente e para a qual são os menos preparados. Por essa razão, um acordo equilibrado em Copenhague é vital", explicou. O estudo afirma que os países em desenvolvimento podem perder permanentemente entre 4 a 5 por cento de seu PIB se a temperatura da Terra subir 2 graus Celsius, enquanto que no países ricos as perdas serão muito menores.
Fonte: Estadão

ESTUDO PEDE QUE SUÍÇOS NÃO CONSUMAM CARNE E MAMÃO DO BRASIL

Um estudo recomenda que os suíços não consumam carne bovina nem mamões papaia do Brasil por causa da repercussão de seus sistemas de produção sobre o clima. O levantamento feito na Suíça analisou a influência dos produtos de origem animal e vegetal no meio ambiente em vários países. Segundo os pesquisadores, "a carne bovina procedente do Brasil tem forte influência sobre nosso clima, porque o gado é abatido a uma idade mais tardia devido a um sistema de produção diferente, de modo que, com uma vida mais longa, emitem um volume maior de gás metano, que gera efeito estufa". Além disso, o estudo destaca que "a forte demanda por carne proveniente do exterior provoca uma intensificação da destruição das selvas tropicais para satisfazer o mercado", o que afeta não só a biodiversidade vegetal e animal, mas também tem efeitos muito nocivos para o clima. Os pesquisadores apresentaram suas conclusões em uma conferência realizada na sede do Agroscope, organismo dependente do Ministério da Agricultura suíço, em Zurique. Os responsáveis pelo estudo também sustentam que, se o cultivo de mamão papaia no Brasil produz poucos gases estufa, "o transporte por avião até a Suíça eleva as emissões a um nível muito superior ao de todas as outras frutas". O transporte também foi apontado como um impedimento para o consumo de maçãs argentinas. Atlanti Bieri, porta-voz do Agroscope, disse à Agência Efe que o estudo comparou os produtos de origem animal e vegetal de muitos países. "O Brasil e a Argentina são mencionados em algumas das comparações porque esses produtos são vendidos nas lojas suíças, e o que estamos dizendo é que, no momento de comprar, é preciso levar em conta as consequências para o meio ambiente", afirmou Bieri. O porta-voz ainda explicou que os consumidores suíços estão preocupados com assuntos como a sobrevivência da floresta tropical, e daí essas recomendações. Além disso, com o transporte, esses produtos emitem mais gás carbônico do que os alimentos locais, o que também ocorreria se maçãs suíças fossem vendidas na Argentina, por exemplo. Os especialistas também recomendaram aos suíços para que, no momento de comprar carne nacional, deem preferência à suína frente à bovina, pois "o impacto ambiental dos bovinos é até quatro vezes superior por cada quilo de carne", já que as emissões de gás metano entre os suínos são muito menores.
Fonte: Estadão

terça-feira, 15 de setembro de 2009

CIENTISTAS BRITÂNICOS IDENTIFICAM GENE QUE CONTROLA COMBATE A DOENÇAS

Cientistas britânicos anunciaram o descobrimento de um gene que ajuda a mobilizar o sistema imunológico para combater doenças. O gene faz com que células-tronco do sangue se tornem células imunológicas conhecidas como Natural Killers (NK, ou Matadoras Natas). Células NK que funcionam de maneira adequada são um tipo de glóbulo branco chave para a defesa do organismo, matando células cancerosas, vírus e bactérias. Espera-se que a descoberta leve ao desenvolvimento de formas de estimular a produção de células de defesa do organismo, criando, potencialmente, uma nova forma de eliminar o câncer. Atualmente, as células NK separadas de sangue de doadores são usadas no tratamento de alguns pacientes com câncer, mas sua eficácia é limitada porque elas podem ter pequenas diferenças de pessoa para pessoa. O líder da pesquisa, Hugh Brady, disse: "Se um maior número de células-tronco do paciente puder ser 'coagido' a se transformar em células NK através de um tratamento químico, nós poderemos aumentar a força de combate do organismo ao câncer sem ter que lidar com os problemas de incompatibilidade ao doador. "Doenças auto-imunes - Segundo os pesquisadores, a identificação do gene E4bp4 pode ainda ajudar a desenvolver novos tratamentos para diabete tipo-1 e esclerose múltipla. Ambos os distúrbios ocorrem quando o sistema imunológico se volta contra os próprios tecidos do corpo. Alguns cientistas acreditam que o mau funcionamento de células NK é que provoca o ataque a células saudáveis. Para fazer a descoberta, os cientistas do Imperial College London, University College London e Instituto Nacional para Pesquisa Médica do Conselho de Pesquisa Médica da Grã-Bretanha criaram um rato sem o gene E4bp4. Estes animais eram absolutamente normais, exceto pela ausência de células NK. Os pesquisadores começaram a estudar o efeito do E4bp4 em uma forma rara mas fatal de leucemia infantil quando descobriram a importância das células NK.
Fonte: G1

PLANO VAI ORIENTAR POLÍTICA DE GESTÃO PARA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

O Programa Nacional de Águas Subterrâneas (PNAS) será lançado nesta terça-feira (15) pela Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), na abertura do I Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo, em São Paulo, no Centro Fecomércio de Eventos. O lançamento será feito pelo diretor do Departamento de Águas da SRHU, João Bosco Senra. O programa tem o objetivo de ampliar os conhecimentos técnicos básicos, desenvolver a base legal e institucional para a correta gestão das águas subterrâneas. De acordo com João Bosco, o programa, que é o oitavo do Plano Nacional de Recursos Hídricos, estabelece a política para a água e orienta a política de água subterrânea. O diretor explica que a água subterrânea é um recurso estratégico principalmente para o consumo humano e um dos principais objetivos da política é o de preservar o recurso natural do ponto de vista econômico, social e ambiental. Segundo João Bosco, as águas subterrâneas são de domínio dos estados e o plano traça diretrizes de cooperação entre os entes federados. Durante o Congresso, que será realizado de 15 a 18, a Secretaria vai disponibilizar todo o material produzido com o Aquífero Guarani. A ampliação do conhecimento hidrogeológico e a caracterização dos sistemas dos aquíferos vão também subsidiar a gestão integrada das águas. Para isso, vêm sendo realizados, dentro do programa, estudos sobre a qualidade das águas, os balanços hídricos, parâmetros hidrogeológicos, definição de reservas, modelos de fluxo, áreas de carga e descarga, vulnerabilidade natural e risco de poluição e contaminação. Estão também sendo realizados estudos e projetos em escala local com o objetivo de conhecer especialmente os aquíferos localizados em regiões metropolitanas onde a água subterrânea constitui relevante manancial para o abastecimento público. No monitoramento quali-quantitativo o que se pretende é a ampliação da base de conhecimento hidrogeológico dos aquíferos brasileiros, acompanhando as alterações espaciais e temporais na qualidade e na quantidade das águas subterrâneas. Para trocar experiências e fazer uma atualização técnica da questão das águas subterrâneas, durante quatro dias de evento estão sendo esperados representantes de universidades, legisladores, reguladores, consultores e prestadores de serviço que vão aproveitar o encontro para mostrar suas experiências. De acordo com a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), a maior parte da água disponível no mundo encontra-se sob a terra. Como exemplo é citado o caso do estado de São Paulo onde 80% dos municípios são total ou parcialmente abastecidos por água subterrâneas. O recurso natural atende a uma população de mais de 5,5 milhões de habitantes.
Fonte: MMA

MOTOS POLUEM ATÉ QUATRO VEZES MAIS QUE CARROS

Responda rápido: o que polui mais, carro ou moto? Se você pensou no veículo de quatro rodas, errou. Embora pareça lógico imaginar que as motocicletas sejam mais "verdes" por serem menores, estudos mostram exatamente o contrário. As novas motocicletas produzidas e vendidas em 2008 emitem até quatro vezes mais poluentes que os automóveis, mostra relatório da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O matemático Jucélio Rocha dos Santos, 29, pilotou moto por dois anos para tentar contornar o trânsito de São Paulo. Confiava que a sua, comprada em 2007, iria poluir menos do que um carro, "por ser menor e consumir menos combustível" e ainda mais "por ser moderna, com catalisador". Ledo engano. "Via de regra a emissão de poluentes das motos é sempre maior", diz Vanderlei Borsari, gerente da divisão de Transporte Sustentável e Emissões Veiculares da Cetesb. Segundo o diretor-executivo da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), Moacyr Alberto Paes, o atual nível de emissão de poluentes de motos pode chegar a até seis vezes mais do que o nível dos carros. A falta de espaço no veículo de duas rodas para instalar filtros, tratar o escapamento e motor é apontada como uma dificuldade técnica para fazer das motos instrumentos mais ecológicos. O Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares) começou somente em 2003 a refinar técnicas para restringir a emissão de monóxido de carbono, 15 anos depois do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Apesar de, em 2009, o Promot ter imposto restrições ainda mais severas de emissão de poluentes das motos, ele se refere somente à produção e venda de veículos novos. De acordo com estudo da Cetesb, 49,8% das motocicletas que circularam em 2008 na região metropolitana de São Paulo não tiveram controle de emissões, pois foram produzidas antes do programa entrar em vigor. Outros 16,2% atenderam à fase 1 do programa e 34% à sua fase 2, com restrições mais leves.
Comparação de poluentes - O gerente da Cetesb informa que, para motos nacionais entre 151 a 500 cilindradas, a média ponderada - ajustando-se pelo total de veículos vendidos - de poluentes emitidos pela frota vendida em 2008 foi de 0,98 grama de CO por quilômetro rodado, quase o dobro dos automóveis a gasolina desse ano, de 0,51 grama de CO por quilômetro rodado. Para hidrocarbonetos, a relação foi maior ainda: a média dos poluentes emitidos por motos chegou a 0,25 gramas por quilômetro, cerca de quatro vezes mais que o índice obtido para os automóveis, de 0,069 gramas por quilômetro rodado. De acordo com a Abraciclo, a progressão dos limites máximos de emissão de poluentes de motocicletas passou, para o CO, de 13 gramas por quilômetro rodado, em 2003, para 2 gramas por quilômetro, em 2009 - 15% do inicial. Para os hidrocarbonetos, a redução foi de 1,5 gramas por quilômetro, em 2003, para 0,3 gramas por quilômetro rodado, neste ano - 20% do inicial. Já para o óxido de nitrogênio, a diminuição foi de 0,4 gramas por quilômetro para 0,15 gramas por quilômetro, no mesmo período - cerca de 40% do valor inicial. Não há limites no Promot para outros tipos de poluentes.
Bikeboys - Uma proposta para reduzir o uso de motocicletas é, como defende Thiago Benicchio, responsável pelo site Apocalipse Motorizado, a contratação de "bikeboys" em vez dos tradicionais motoboys. Dois exemplos de empresas que prestam esse serviço em São Paulo são a Bike Courier e a Exodus Express Bike. Esse tipo de serviço promete taxas menores e boa velocidade para percursos menores. De acordo com dados da Cetesb referentes a 2008, o Estado de São Paulo apresenta a maior frota automotiva registrada do Brasil, com 18,3 milhões de veículos automotores. Desses, 3,5 milhões são motocicletas, 1,1 milhão são movidos a diesel, e 13,7 milhões são outros veículos movidos a gasolina, álcool e gás.
Autor: Maurício Kanno

CHUVAS E ENCHENTES TRAZEM ALERTA DE MUDANÇA CLIMÁTICA


De São Paulo a Istambul, passando por Senegal, Santa Catarina e Escócia, o início do mês de setembro foi marcado por chuvas torrenciais, enchentes e outros fenômenos climáticos extremos - para cientistas entrevistados pela BBC Brasil, um lembrete sobre a urgência da necessidade de se adaptar às mudanças climáticas. "Certamente, as projeções feitas por modelos de computador sofisticados indicam um aumento na probabilidade de ondas de calor e na intensidade das chuvas, bem como um aumento no número de áreas que sofrem com secas", disse à BBC Brasil o professor Richard P. Allan, do Centro de Ciência para Sistemas Ambientais da Universidade de Reading, na Grã-Bretanha. Em 2007, o relatório do Painel Intergovernamental para Mudança Climática da ONU (IPCC, na sigla em inglês) já alertava que um aumento na "frequência (ou proporção do total da incidência de chuvas relativa à chuvas torrenciais) de 'eventos de forte precipitação'" era "muito provável", ou seja, mais de 90% provável. Diante da relativa segurança dos cientistas de que as temperaturas vão subir nos próximos anos, a recomendação do IPCC - reiterada por cientistas ouvidos pela BBC - é se preparar para uma ocorrência cada vez maior deste tipo de eventos. Para uma cidade como São Paulo, construída em torno do Rio Tietê, a adaptação é ainda mais urgente. "É preciso pensar no sistema de drenagem e na infra-estrutura da cidade, porque mais e mais eventos extremos devem acontecer. Pelo menos é essa a tendência que se pode ver hoje", afirmou à BBC Brasil o professor Bill McGuire, da University College London. Para o meteorologista britânico Simon Brown, colega de McGuire no Centro Hadley, a unidade do Met Office, o Departamento de Meteorologia britânico, investimentos em adaptação são questão de bom senso. "Se há uma vulnerabilidade natural para eventos naturais extremos relacionados ao tempo, e esses eventos extremos, diante do aquecimento global, vão se tornar mais frequentes, qualquer pessoa sensata se prepararia para isso", afirmou Brown. O especialista lembrou que cidades como Amsterdã, que fica abaixo do nível do mar e será muito afetada por outro provável efeito das mudanças climáticas, o avanço dos oceanos, já vem reforçando o seu complexo sistema de diques. Londres também se prepara, e já tem um plano que prevê reforços futuros na chamada "barreira do Tâmisa", um sistema de comportas capaz de controlar o nível da água do rio para evitar enchentes na capital britânica.
Adaptações - O financiamento para adaptação ao aquecimento global nos países mais pobres do mundo é um dos assuntos mais polêmicos em pauta para o encontro das Nações Unidas sobre o clima, que acontece em dezembro, em Copenhague. Em julho, o representante máximo da ONU para o assunto, Yvo de Boer, afirmou que US$ 10 bilhões por ano seriam "um bom começo" para que as negociações avancem. A previsão é de que países pobres como Bangladesh e pequenas nações insulares, com escassos recursos para se preparar para o futuro, sejam os maiores afetados pelo aquecimento global.Embora as catastróficas chuvas de semana passada na Turquia - que deixaram mais de 30 mortos - tenham sido as piores em 80 anos, segundo especialistas, não é possível associá-las diretamente às mudanças climáticas. "É sugestivo, mas não podemos fazer associações diretas entre eventos individuais e o aquecimento global, mas a ciência é bastante clara: quanto mais quente o ar ficar, mais umidade ele é capaz de transportar, o que facilita a ocorrência de chuvas torrenciais", afirmou Brown à BBC Brasil.
Fonte: Estadão

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A RELIGIÃO PARA CONTER O DESERTO?


Só uma aliança entre a ciência e o sagrado poderia reverter os rumos.
A recente
divulgação de
mais um
relatório da
Organização
para a Alimentação e a Agricultura (FAO) da ONU, assim como novos congressos sobre desertificação no Brasil, trazem de volta o tema. O relatório da FAO, com um balanço dos últimos 20 anos, diz que a degradação do solo no mundo - medida pelo declínio nas funções e na produtividade de um ecossistema - já atinge mais de 20% das terras ocupadas pela agricultura, 10% das pastagens, 30% das áreas de floresta. E afeta 1,5 bilhão de pessoas, com insegurança alimentar, perdas agrícolas, perda da biodiversidade, necessidade de migrar. Também influi no clima, porque a perda de biomassa e de matéria orgânica no solo desprende carbono. E leva à redução do fluxo hidrológico, porque se reduz a capacidade de a terra desmatada reter água. A China está com 457 mil km2 afetados; a Índia, com 177 mil; a Indonésia, 86 mil; Bangladesh, 72 mil. Para o Brasil, o relatório aponta 46 mil km2, embora nossos relatórios nacionais mencionem 180 mil km2 em diferentes etapas do processo de desertificação, principalmente no Semi-Árido nordestino, mais Espírito Santo e Minas Gerais (11 Estados ao todo). Os relatórios apontam situações difíceis em áreas que o mundo se habituou a considerar desenvolvidas e ausentes de questões dessa natureza. É o caso da Espanha, por exemplo, onde um terço do território é considerado como de "risco significativo" nessa área, principalmente por causa da escassez de água. Até o fim deste século, prevê-se que o fluxo hidrológico ali, especialmente no sul do país, diminua 22%. Barcelona, cidade admirada e invejada, enfrenta uma escassez inédita, que a leva a disputar com outras zonas as águas do Rio Ebro (que quer transpor e captar, para diminuir a crise). E até a proibir que se encham piscinas. A Austrália é outra área com graves dificuldades, já que o fluxo das principais bacias hidrográficas caiu 41% - é o mais baixo em 117 anos, desde quando se têm registros - e afeta a produção de frutas, grãos e outros bens. Certamente é essa uma das razões que levaram o país (o maior exportador de carvão no mundo) a mudar sua posição e aderir ao Protocolo de Kyoto, sobre mudanças climáticas. As previsões dos cientistas para lá são de que as "ondas de calor" se tornarão muito mais freqüentes e afetarão ainda mais o fluxo dos rios (cada grau Celsius de alta na temperatura média pode reduzi-lo em 15%, dizem alguns cientistas). O fato é que o drama da desertificação avança à razão de 60 mil km2 por ano no mundo. E seriam necessários, diz a ONU, pelo menos US$ 12 bilhões anuais para programas de informação, monitoramento e recuperação de áreas. Mas esses recursos não estão disponíveis, embora os prejuízos anuais sejam muito maiores que isso, sem falar no drama das migrações e conflitos que provocam. No Brasil mesmo, os R$ 500 mil anuais teoricamente disponíveis para o Fundo de Iniciativas Sociais no Semi-Árido têm sido reduzidos a ridículos R$ 25 mil/ano. Quando deveríamos ser muito mais cuidadosos. Além do Semi-Árido, as imagens de satélites mostram cada vez mais pontos problemáticos em todo o território nacional, da fronteira gaúcha ao sudoeste goiano. E já há alguns anos o Ministério do Meio Ambiente apontava uma perda de 90 milhões de toneladas anuais de solo fértil por ano no Cerrado, por causa de erosão; no Rio Grande do Sul, 80 milhões/ano; no País todo, 1 bilhão de toneladas anuais. É possível que o plantio direto nas lavouras de grãos tenha reduzido esses números, mas eles ainda são altos. E a área de pastagens degradadas é enorme: em Goiás, na última negociação com o Fundo do Centro-Oeste, foram apontados 70% das pastagens em algum estágio de degradação. No mundo, estima-se que a perda seja de 23 bilhões de toneladas anuais de solo. E leva 30 anos para o solo em descanso recompor uma polegada de terra fértil. Enquanto tudo isso acontece, ganha mais corpo uma discussão que ao longo das últimas décadas se desenvolveu timidamente, confinada quase apenas a áreas ditas "ambientalistas". Um dos primeiros a expô-la foi o biólogo Paul R. Ehrlich, da Universidade de Stanford, na Califórnia - segundo quem o problema da relação do ser humano com seu meio físico e com as espécies das quais depende só terá encaminhamento com o que chama de "recuperação do sagrado", quando nossa espécie reconhecer o direito à vida de todas as espécies, independentemente de sua utilidade para os humanos (como alimentos ou materiais). Diz ele (Biodiversidade, Editora Nova Fronteira, 1997) que "a causa básica da decomposição da diversidade orgânica não é a exploração ou a maldade humana, mas a destruição de hábitats que resulta da expansão das populações humanas e suas atividades". Para ele, "muitos desses organismos que o Homo sapiens está destruindo são mais importantes para o futuro da humanidade do que a maioria das espécies sabidamente em perigo de extinção; as pessoas precisam mais de plantas e insetos do que precisam de leopardos e baleias (sem querer com isso menosprezar o valor dos dois últimos)". Seu prognóstico: "A extrapolação das tendências atuais na redução da biodiversidade implica um desfecho para a civilização dentro dos próximos cem anos." E o único caminho para reverter esse quadro "talvez seja uma transformação quase religiosa, que leve à apreciação da diversidade por si própria, independentemente de seus benefícios diretos para a humanidade". É o mesmo caminho proposto pelo coordenador da obra, o biólogo Edward O. Wilson, em outro livro - A Criação, Companhia das Letras, 2007) - já comentado neste espaço. Wilson acha que a única possibilidade de mudança rápida no padrão civilizatório, capaz de rever os rumos, está numa aliança entre a ciência e a religião. Pois não é que o Equador está discutindo incluir em sua Constituição os "direitos da natureza"?

Autor: Washington Novaes

LENTA AGONIA SOB AS ÁGUAS

A morte dos corais, causada pela poluição, ameaça 2 milhões de espécies nos oceanos

Os recifes de corais, apreciados por sua beleza e profusão de cores, têm um papel fundamental para os oceanos. Estima-se que sirvam de abrigo para 2 milhões de espécies de peixes, moluscos, algas e crustáceos – um quarto de toda a vida marinha. Tamanha biodiversidade só encontra paralelo nas florestas tropicais. Há tempos os cientistas observam com apreensão a degradação e a morte dos corais em diversas regiões do planeta, como o Caribe e a Indonésia. A culpa seria da poluição produzida pelo homem e do aumento das temperaturas na Terra. Duas semanas atrás, com a divulgação do primeiro estudo global sobre a saúde dos corais, feito por 39 cientistas de catorze países, revelou-se que a situação dessas criaturas é pior do que se pensava. Das 1.400 espécies de corais conhecidas, 231 estão em diferentes graus de risco de extinção. Há dez anos, as espécies ameaçadas eram apenas treze. Quando os corais se extinguem, o mesmo ocorre com as plantas e os animais que deles dependem para obter alimento e refúgio contra os predadores. "Não estamos falando apenas da perda de alguns corais, mas da possibilidade de desaparecimento de enormes áreas desses ecossistemas num período de cinqüenta a 100 anos", afirma Alex Rogers, da Zoological Society of London e um dos autores do estudo, coordenado pela International Union for the Conservation of Nature (IUCN). Os recifes de corais também beneficiam as populações nas regiões litorâneas. Eles servem como um escudo que absorve a movimentação dos mares e diminui a erosão costeira. De acordo com um estudo da ONU, o tsunami que se abateu sobre a Ásia em 2004 causou menos destruição nas áreas onde há recifes de corais. Além disso, os recifes formam regiões pesqueiras em seu entorno e são um chamariz para o turismo. Ainda segundo a ONU, os corais proporcionam benefícios da ordem de 30 bilhões de dólares anuais e produzem renda para 200 milhões de pessoas. O declínio mais drástico no número de corais ocorreu entre 1997 e 1998, durante o fenômeno climático El Niño, que provocou o aquecimento das águas e, em conseqüência, a destruição de enormes trechos de formações de corais nos oceanos tropicais. A elevação da temperatura das águas provoca a morte das algas zooxantelas, que vivem em relação de simbiose com os recifes. São essas algas que, afixadas aos tecidos moles dos corais, lhes fornecem os nutrientes necessários à sua sobrevivência e lhes dão a característica aparência multicolorida. O calor leva ao branqueamento dos recifes e à morte maciça de corais. Um efeito colateral do aquecimento global, a acidificação dos oceanos, também é fatal para a saúde dos corais. Ao absorver o excesso de dióxido de carbono na atmosfera, as águas oceânicas tornam-se mais ácidas, o que compromete a capacidade dos corais de construir seus esqueletos calcários. Como se não bastassem os males do efeito estufa, a ação direta do homem também tem conseqüências nefastas para os corais. Os resíduos provenientes do esgoto e do lixo de cidades litorâneas ou de fertilizantes usados na agricultura provocam proliferação de vários tipos de alga que competem com os corais e os asfixiam. A pesca predatória – sobretudo com o uso de dinamite, como ocorre na Ásia, ou com redes pesadas – reduz grandes áreas dos recifes a ruínas. A construção de resorts em zonas litorâneas também coloca os corais em risco. "O surgimento dessas zonas hoteleiras acaba incentivando a depredação dos recifes para a comercialização de pedaços de coral usados como suvenir e peça ornamental", diz o oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, especialista em ecossistemas urbano-costeiros. Um exemplo de boa iniciativa para a preservação dos corais vem da Austrália. O país estabeleceu áreas protegidas na Grande Barreira de Corais, limitando o acesso de visitantes, e passou a controlar o uso de fertilizantes nas plantações próximas à costa para evitar a contaminação. O objetivo é reverter as previsões de que, até 2030, metade dos corais da barreira australiana, que se estende por 350.000 quilômetros quadrados, estará morta. A expectativa dos cientistas é que o exemplo australiano seja seguido em outras regiões do mundo. No Brasil, um estudo da Universidade Federal da Bahia e da Conservação Internacional, divulgado há dois meses, mostra que são necessárias medidas urgentes para proteger os corais do Arquipélago de Abrolhos, no litoral da Bahia, afetados pela poluição e pelo turismo. Os recifes de Abrolhos são objeto de estudo desde 1980. Em 2005, os primeiros corais doentes foram detectados. A pesquisa mostra que, se nada for feito, 40% dos corais do arquipélago desaparecerão nos próximos cinqüenta anos.

Autor: Vanessa Vieira

ECOSSISTEMAS DO ÁRTICO SÃO GRAVEMENTE AFETADOS PELO AQUECIMENTO

A temperatura média da superfície terrestre subiu 0,4°C nos últimos 150 anos. Mas no Ártico o aquecimento foi duas a três vezes maior. Nas últimas duas a três décadas, a extensão mínima da calota de gelo sobre o mar ártico recuou 45 mil quilômetros quadrados por ano. Evidentemente, isso não pode ocorrer sem consequências. Pesquisadores liderados por Eric Post, do departamento de biologia da Universidade Estadual da Pensilvânia, publicaram na “Science” um balanço dos impactos do efeito estufa sobre ecossistemas do Polo Norte. As espécies mais afetadas são aquelas que dependem do gelo para obter provisões, reproduzir-se e para escapar de predadores. Estão nessa situação incômoda a foca-de-crista ou foca-de-capuz (Cystophora cristata), a foca anelada (Pusa hispida), a morsa do Pacífico (Odobenus rosmarus divergens), o narval ou unicórnio-do-mar (Monodon monoceros) e o urso polar. Mas há muitos outros sinais de desarranjo. Por exemplo: a população de raposas-do-Ártico (Alopex lagopus) está declinando em certas áreas, enquanto cresce a de raposas-vermelhas (Vulpes vulpes). Em algumas regiões da Groenlândia, o princípio da temporada de crescimento de vegetação foi antecipado, enquanto o período de procriação das renas (Rangifer tarandus) continua como sempre foi. O auge de oferta de alimento acontece agora antes do pico de demanda das fêmeas prenhes. Quando elas mais precisam, a comida já está escasseando. O resultado disso é um desequilíbrio de ciclo nutricional que está reduzindo o número das crias e abreviando seu tempo de vida. Essas alterações aceleradas que estão sacudindo o Ártico, todas vinculadas ao clima, podem ser um indício de mudanças prestes a ocorrer em latitudes mais baixas, avisa a equipe de Post.

Fonte: G1

FLORESTAS DO RIO VIGIADAS NA WEB

Tecnologia, natureza e cidadania. Estas palavras se fundem num projeto que visa a preservar a Floresta da Tijuca e as matas do Maciço da Pedra Branca. Trata-se de um programa de monitoramento por satélite da cobertura vegetal da mata, concebido por pesquisadores da PUC do Rio. As imagens capturadas vão servir para acompanhar eventuais avanços da ocupação urbana sobre o verde. E, o melhor, o projeto prevê a participação popular, via internet: internautas terão acesso em tempo real ao monitoramento, poderão fazer denúncias sobre desmatamento e acrescentar informações num mapa interativo que estará disponível na web. "É como no Google Earth, onde os internautas podem acrescentar informações sobre a região onde moram. A gente quer dar ferramentas para a população, para que a sociedade assuma um papel maior na gestão da floresta e, por consequência, da cidade", diz o coordenador do projeto, o geógrafo Luiz Felipe Guanaes Rego, da PUC carioca.
Mapa interativo - Quer dizer, o internauta vai poder não só verificar (e fiscalizar) onde estão ocorrendo as agressões à floresta. No mapa interativo, ele poderá acrescentar informações sobre desmatamentos, denunciar alguma ocupação irregular e se manifestar através de um texto que ficará incorporado ao mapa. O internauta terá opção de enviar e-mail para autoridades, cobrando ações e fazendo denúncias – neste projeto, há uma parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que encomendou o serviço. "Além disso, os dados coletados pelo satélite e acrescentados no mapa interativo poderão servir de prova jurídica para o cidadão entrar com uma ação no Ministério Público. Uma vez que ele poderá imprimir os relatórios gerados pelo programa", diz Luiz Felipe. O geógrafo comenta que a sociedade contemporânea, com o boom da tecnologia digital, vive um momento único no que se refere à representação do espaço. "Quase todo mundo já viu sua casa no Google Earth. O entendimento do espaço geográfico está mudando. Daí, a importância do nosso sistema. Tendo a informação de onde a Floresta da Tijuca está sendo destruída, o cidadão pode intervir diretamente. Queremos estimular esta participação, esta pressão social", diz o geógrafo. Outro ponto que Luiz Felipe destaca é o ineditismo do projeto, desenvolvido pelo Nima (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio). "Existe uma deficiência no monitoramento da Mata Atlântica. O Inpe, por exemplo, monitora a Amazônia. Mas as características dos dois ecossistemas são diferentes. A Amazônia é plana e tem baixa densidade habitacional. Já a Mata Atlântica, a exemplo da própria Floresta da Tijuca, tem relevo montanhoso e está cercada da presença de cidades. Cerca de 80% da população brasileira vive no que restou deste ecossistema", diz. O projeto da PUC carioca, chamado oficialmente de Programa Integrado de Monitoria Remota de Fragmentos Florestais e de Crescimento Urbano no Rio de Janeiro (Pimar), utiliza registros fotográficos de satélite, captados de seis em seis meses. Estas fotos serão comparadas, para mostrar se e onde ocorreu desmatamento. Mas a diferença é que os pesquisadores criaram um programa de computador que fará esta comparação automaticamente. Como numa espécie de laudo científico.
Tecnologia de ponta - "Estamos lidando com uma tecnologia de ponta. Só a PUC detém o conhecimento desta classificação automática de imagens", diz Luiz Felipe. A parte estritamente tecnológica do projeto é feita por pesquisadores de outras especialidades, como o engenheiro Raul Feitosa, coordenador técnico do Pimar. Segundo ele, o satélite americano Ikonos fornece imagens em alta resolução. "Um pixel da imagem corresponde a uma área de um metro quadrado. Então, podemos ter uma visão bem acurada das alterações na floresta", diz Feitosa. Segundo ele, além do mapeamento feito com as ferramentas tecnológicas, haverá um posterior trabalho de campo: "Após o levantamento fotográfico e as interpretações tanto automáticas quanto por parte de nossa equipe, será feito um trabalho de campo para validar o método e determinar possíveis erros de medida", diz Feitosa. O projeto é fruto de mais de dez anos de pesquisa e vai servir como piloto para monitoramento da Mata Atlântica em outras cidades do país. Segundo os pesquisadores, o sistema estará disponível para o cidadão intervir possivelmente este ano.
Mas ele pode ter uma prévia acessando o endereço http://www.nima.puc-rio.br/sobre_nima/projetos/pimar/index.php.

Autor: Marcelo Gigliotti

VACINA CONTRA GRIPE SUÍNA COMEÇA A SER PRODUZIDA EM JANEIRO

O governador do Estado de São Paulo, José Serra, anunciou neste sábado (12) que o Instituto Butantan, iniciará a produção da vacina contra gripe suína em janeiro de 2010. "Serão produzidas 18 milhões de unidades até abril, conforme solicitação do Ministério da Saúde", afirmou o governador que participou neste sábado de evento em São Paulo, no Parque Ibirapuera, sobre epidemias. "O Brasil estará mais preparado no próximo ano, uma vez que a gripe passou a ser conhecida", disse em sua apresentação. O governador não quis dar entrevista à imprensa. De acordo com Serra, uma nova fase de proliferação da gripe suína deve ocorrer a partir do segundo trimestre de 2010, o que exigirá ações de controle à transmissão da doença, além da vacinação da população. Segundo o secretário estadual de Saúde, Luís Roberto Barradas, a vacinação deve ocorrer ao final de abril e início de maio do ano que vem. Como a encomenda foi feita pelo Ministério da Saúde, que comprará as vacinas, caberá ao governo federal decidir sobre sua distribuição entre os Estados e os critérios de vacinação, definindo em quais casos a vacina será aplicada. O Ministério também decidirá se a fábrica do instituto produzirá o novo medicamento ou continuará a produzir a vacina para a gripe tradicional. "A fábrica não permite a produção dos dois medicamentos, se o governo federal optar pela gripe suína, terá que comprar no exterior a vacina para gripe comum", disse Barradas. O Instituto Butantan é o único no hemisfério sul com conhecimento para produção de vacinas para gripe. Segundo o secretário, a expectativa de aumento dos casos da doença ocorre porque é nesse período que a temperatura começa a cair no País. "O frio começa e as pessoas tendem a se aglomerar, o que facilita a transmissão da doença", disse. Barradas afirmou que a cepa do vírus H1N1, nome científico da gripe suína, já foi enviada ao Instituto Butantan pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. A partir de outubro o instituto deverá iniciar os testes com camundongos e posteriormente com seres humanos. O secretário explicou que um dos maiores desafios para a nova vacina está na definição da quantidade de doses necessárias para imunizar a população. Estudo do laboratório francês sinaliza que são necessárias duas doses para garantir a imunização, enquanto para na tradicional basta apenas uma aplicação. "Isso é ruim para o controle da doença, mas o Butantan desenvolveu uma solução que permite a eficácia da vacina com apenas uma dose. Mas isso ainda precisa ser testado", disse. Até o final de agosto, de acordo com os últimos dados disponíveis no Ministério da Saúde, o Brasil registrou 7569 casos graves de gripe, dos quais 6592 (87,1%) relacionados à gripe suína, que causou 657 mortes.

Autor: Wellington Bahnemann

CIENTISTA USA DNA E ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS PARA ESTUDAR MAMÍFEROS

Na medida em que o desmatamento avança pela Amazônia, fragmentos de floresta vão sendo deixados entre os pastos e as plantações. Aparentemente, a mata está conservada nessas áreas, mas um olhar mais atento revela que a biodiversidade em seu interior é seriamente prejudicada. A bióloga Fernanda Michalski esteve por oito anos na região de Alta Floresta (MT) estudando os efeitos da fragmentação sobre mamíferos amazônicos, tentando determinar que área de floresta eles precisam para sobreviver e qual o tamanho apropriado para os corredores de vegetação que são deixados para preservar as encostas dos rios, e que acabam fazendo com que os fragmentos não fiquem totalmente isolados. Para verificar por onde circulam os mamíferos, ela usa armadilhas fotográficas – câmeras com sensores que disparam quando um animal se aproxima – e, mais recentemente, análises de DNA de fezes. “O DNA é um método inédito para pesquisa de carnívoros na Amazônia e está funcionando muito bem. Além de identificar as espécies, estamos tentando reconhecer indivíduos”, explica. “Isso nos surpreendeu porque na floresta amazônica, o calor e a umidade degradam o DNA muito rapidamente”. O trabalho de identificação genética é uma parceria com o cientista Eduardo Eizirik, da PUC do Rio Grande do Sul. As conclusões do trabalho da cientista da Universidade de São Paulo e do Instituto Pró-Carnívoros devem ser apresentadas em um congresso científico em algumas semanas. Segundo ela, mais de 30 mamíferos distintos foram flagrados pelas câmeras. Uma das coisas que a pesquisadora pode comprovar no trabalho de campo é que varia muito para cada espécie o tamanho do corredor de floresta que precisa ser deixado para que os animais circulem entre os fragmentos. Esse intercâmbio é importante para manter a troca de material genético entre as populações. “O macaco-aranha, por exemplo, precisa de uma faixa de pelo menos 400 metros de mata ”, explica. Já a onça-parda se desloca de um fragmento a outro até por campos abertos. Sua prima, a onça-pintada, por sua vez, prefere se mover por corredores que beiram os rios. Por lei, a mata ciliar precisa ser mantida como área de preservação permanente. De acordo com a pesquisadora, para que a fauna seja mantida na sua totalidade, um fragmento de floresta tem que ter pelo menos 10 mil hectares (100 km²).

Autor: Dennis Barbosa

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A VINGANÇA DE GAIA.


O cientista inglês que considera a Terra um organismo vivo diz que só a energia nuclear pode adiar o desastre

O inglês James Lovelock é um cientista com contribuições a áreas tão distintas do conhecimento que é difícil classificá-lo em uma única especialidade. É também um dos mais controvertidos. Sucesso entre os ambientalistas, sua criação mais conhecida, a Hipótese Gaia, é criticada pelos cientistas. Segundo essa teoria, que Lovelock desenvolveu quando trabalhava para a Nasa, nos anos 60, a Terra é um organismo dotado da capacidade de se manter saudável e tem compromisso com todas as formas de vida - e não necessariamente com apenas uma delas, o homem. Lovelock é o inventor do aparelho que permitiu detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, razão pela qual se interrompeu o uso da substância. O aparelho também ajudou a identificar o CFC, gás utilizado em aerossóis, como o responsável pela destruição da camada de ozônio, o que levou a sua proibição. Lovelock acredita que o equilíbrio natural foi rompido pelo aquecimento global, tese desenvolvida no livro "A Vingança de Gaia", publicado neste ano em seu país. O cientista concedeu esta entrevista a VEJA de sua casa em Devon, na Inglaterra, onde, aos 87 anos, faz pesquisas em um laboratório particular.
Quando o aquecimento global chegará a um ponto sem volta?
Já passamos desse ponto há muito tempo. Os efeitos visíveis da mudança climática, no entanto, só agora estão aparecendo para a maioria das pessoas. Pelas minhas estimativas, a situação se tornará insuportável antes mesmo da metade do século, lá pelo ano 2040.
O que o faz pensar que já não há mais volta?
Por modelos matemáticos, descobre-se que o clima está a ponto de fazer um salto abrupto para um novo estágio de aquecimento. Mudanças geológicas normalmente levam milhares de anos para acontecer. As transformações atuais estão ocorrendo em intervalos de poucos anos. É um erro acreditar que podemos evitar o fenômeno apenas reduzindo a queima de combustíveis fósseis. O maior vilão do aquecimento é o uso de uma grande porção do planeta para produzir comida. As áreas de cultivo e de criação de gado ocupam o lugar da cobertura florestal que antes tinha a tarefa de regular o clima, mantendo a Terra em uma temperatura confortável. Essa substituição serviu para alimentar o crescimento populacional. Se houvesse 1 bilhão de pessoas no mundo, e não 6 bilhões, como temos hoje, a situação seria outra. Agora não há mais volta.
Um estudo recente concluiu que a temperatura média da Terra vai aumentar 2 graus até o fim do século. O senhor concorda?
Os cientistas que fazem essas previsões baixas estudam a atmosfera como se ela fosse algo inerte. É um cálculo estanque, baseado na crença de que o aquecimento é diretamente proporcional à quantidade de gás carbônico jogada na atmosfera. A realidade é bem mais complexa. Todos os seres vivos do planeta reagem às mudanças que provocamos e as amplificam. Há previsões mais confiáveis de um aumento de até 6 graus até o fim do século. Essa vai ser a média global. Em algumas regiões, o aumento de temperatura será ainda maior.
O senhor vê o aquecimento global como a comprovação de que sua teoria está certa?
O aquecimento global pode ser analisado com base na Hipótese Gaia, e, por isso, muitos cientistas agora estão se vendo obrigados a aceitar minha teoria. Ela diz que todos os organismos, agindo em conjunto, formam um sistema ativo cujo objetivo é manter a Terra habitável. Nos oceanos, algumas algas utilizam o carbono do ar no seu crescimento e liberam outros gases que formam nuvens sobre a atmosfera. As nuvens ajudam a defletir os raios solares. Sem elas, a Terra seria um lugar muito mais quente e seco. Essas algas estão morrendo com o aumento da temperatura dos oceanos. Esse é apenas um exemplo de como a capacidade auto-reguladora do sistema Gaia está sendo rompida.
O aquecimento global vai levar a uma nova fase da seleção natural da espécie humana?
Sim. Pela Hipótese Gaia, qualquer organismo que afeta o ambiente de maneira negativa acabará por ser eliminado. Como o aquecimento global foi provocado pelo homem, está claro que corremos o risco de ser extintos. Até o fim do século, é provável que cerca de 80% da população humana desapareça. Os 20% restantes vão viver no Ártico e em alguns poucos oásis em outros continentes, onde as temperaturas forem mais baixas e houver um pouco de chuva. Na América Latina, por exemplo, esses refúgios vão se concentrar na Cordilheira dos Andes e em outros lugares altos. O Canadá, a Sibéria, o Japão, a Noruega e a Suécia provavelmente continuarão habitáveis. A maioria das regiões tropicais, incluindo praticamente todo o território brasileiro, será demasiadamente quente e seca para ser habitada. O mesmo ocorrerá na maior parte dos Estados Unidos, da China, da Austrália e da Europa. Não será um mundo agradável. As condições de sobrevivência no futuro serão muito difíceis. Essa é a vingança de Gaia, uma expressão que uso apenas como metáfora, não como argumento científico.
O que vai acontecer com quem permanecer nesses lugares?
A maioria vai morrer de fome. Não é só uma questão de aumento de temperatura. Com a mudança climática, será impossível cultivar alimentos ou criar animais de abate, porque simplesmente não haverá chuva ou água para a irrigação. O rio Ganges, na Índia, por exemplo, está tendo seu volume reduzido e logo irá desaparecer. Quem conseguir migrar para os poucos oásis que sobrarem ou para as regiões mais frias ao norte do globo viverá em condições semelhantes às de muitos africanos hoje: haverá escassez de comida e pouca água. As guerras do futuro serão uma conseqüência do aquecimento global. Quando a China se tornar inabitável, seus moradores não vão simplesmente sentar e esperar a morte. Eles vão migrar para a Rússia. Há espaço para essas pessoas na Sibéria, mas duvido que essa migração aconteça pacificamente.
Será possível se recuperar dessa situação?
A Terra vai se recuperar. Há 55 milhões de anos ocorreu um evento muito parecido com o que está acontecendo agora. Naquele tempo, houve uma emissão acidental de uma quantidade de dióxido de carbono equivalente à que está sendo produzida hoje pela ação humana. A temperatura da Terra elevou-se em 8 graus nas regiões temperadas e em 5 graus nos trópicos. Os seres vivos migraram para as regiões polares e ficaram centenas de milhares de anos por lá. Quando a temperatura global voltou a cair, eles migraram de volta. O sistema Gaia, portanto, não está ameaçado, mas vai levar 200.000 anos para voltar a ser como é. Para nós, humanos, isso é muito tempo.
Muitos cientistas estão preocupados com a diminuição da biodiversidade. O senhor também está?
Não. A perda de biodiversidade é apenas um sintoma das mudanças climáticas. Os biólogos se preocupam com isso porque eles adoram colecionar espécies. Na verdade, os ecossistemas mais saudáveis são aqueles com pouca biodiversidade. Muito mais grave é o risco de quase extinção enfrentado pela humanidade.
Não há nada que se possa fazer?
A única opção é substituir as fontes de energia mais comuns por usinas nucleares, mais limpas do que hidrelétricas ou termoelétricas. O gás carbônico vai nos matar se não fizermos nada a respeito. As pessoas têm medo do lixo atômico, mas isso é um mito. A quantidade de resíduos produzida pelas usinas nucleares é irrisória e não causa grandes problemas ambientais. A energia nuclear, no entanto, não é uma solução, e sim uma medida para ganharmos tempo. A roda do aquecimento global já está em movimento, e não há como freá-la.
É mais fácil se livrar de lixo atômico do que de gás carbônico?
Infinitamente mais. Cem gramas de urânio equivalem a 200 toneladas de carvão, em termos de energia gerada. Com 100 gramas de urânio não se produzem mais do que 100 gramas de lixo atômico, enquanto a poluição emitida pela queima de 200 toneladas de carvão é de 600 toneladas de dióxido de carbono. Entre 100 gramas e 600 toneladas de resíduos, é óbvio que o carbono é um problema maior.
E quanto aos riscos de acidentes nucleares, como o da usina de Chernobyl, em 1986?
Chernobyl é uma grande mentira. A ONU enviou três equipes de cientistas a Chernobyl para ver quantas pessoas realmente morreram em conseqüência do acidente. A resposta é 56 mortos, no máximo. Foi o tipo de acidente nuclear que apenas podia acontecer naqueles velhos tempos da União Soviética, em que as usinas eram administradas de maneira irresponsável. As estatísticas das usinas nucleares ao redor do mundo são impressionantes. Elas produzem energia com uma segurança maior do que qualquer outra indústria energética. O perigo de acidentes não é nada comparado aos efeitos do aquecimento global. As pessoas estão perdendo o contato com o mundo natural e por isso há saudosismo, um desejo inconsciente de volta à natureza. A ciência e a tecnologia passaram a ser rejeitadas e classificadas como ruins para o ambiente. É o que acontece com as plantas geneticamente modificadas e com a energia atômica. Vivemos em uma sociedade hipocondríaca. No Brasil, a maioria dos carros novos funciona com álcool combustível.
O biocombustível é uma boa forma de reduzir a emissão de gases do efeito estufa?
Essa provavelmente é das coisas menos sábias a fazer. Para produzir a cana-de-açúcar para o biocombustível, é preciso ocupar o espaço dedicado à produção de alimentos ou derrubar florestas, que ajudam a regular o clima. Isso é contraprodutivo. É mais inteligente usar a energia nuclear para produzir hidrogênio como combustível para os carros. Alguns anos atrás, muitos cientistas achavam que o biocombustível era o caminho certo a seguir. Agora que sabemos quão sério é o problema do aquecimento global, percebemos que essa não é a melhor solução. Nós, cientistas, devemos pedir desculpas ao povo brasileiro.
Qual sua opinião sobre o conceito de desenvolvimento sustentado, pelo qual se explora o ambiente sem lhe provocar danos?
Acho uma idéia adorável. Se a tivéssemos aplicado 200 anos atrás, quando havia apenas 1 bilhão de pessoas no mundo, talvez não estivéssemos na situação em que estamos hoje. Agora é tarde demais. Não há mais espaço para nenhum tipo de desenvolvimento. A humanidade tem de regredir. Em algumas décadas, quem conseguir se mudar para regiões melhores, com temperaturas mais amenas, terá uma chance de sobreviver.
Qual sua opinião sobre a proposta de colocar um escudo solar em órbita, para devolver ao espaço os raios de sol?
Não é uma má idéia. Esse escudo ficaria entre o Sol e a Terra e poderia desviar 3% dos raios solares e, dessa forma, reduzir o calor na atmosfera. Trata-se de uma medida relativamente rápida de ser implementada e custaria menos do que a Estação Espacial Internacional. O escudo solar poderia nos dar um pouco mais de tempo, mas não seria a cura para o problema do aquecimento global.
A destruição da Amazônia é a maior vilã do aquecimento global?
Não. O sudeste da Ásia está sofrendo uma destruição comparável à da Amazônia. A Indonésia tem provocado tanto dano às florestas quanto o Brasil. Uma medição feita no passado mostrou que as queimadas indonésias liberaram 40% de todo o gás carbônico produzido no mundo em um ano. Os brasileiros não devem se sentir os únicos culpados pelo desastre que estamos prestes a vivenciar. Temos todos uma parcela igual de culpa.
Por que a ciência levou tanto tempo para perceber a gravidade da mudança climática?
A comunidade científica estava muito engajada em um outro problema: a destruição da camada de ozônio. Era uma questão fácil de resolver, porque os produtos industriais que estavam provocando o buraco na camada podiam ser substituídos por outros, inofensivos. Só em 2001, em uma convenção em Amsterdã, na Holanda, os pesquisadores concordaram que o aquecimento é um fenômeno global. Naquele ano, eles finalmente aceitaram a tese de que a Terra é um sistema que se auto-regula, indiretamente concordando com a minha Hipótese Gaia.
Alguns cientistas dizem que suas opiniões são apocalípticas e por isso não podem ser levadas a sério. O que o senhor diz a eles?
Não há nenhum dado no meu livro diferente daqueles contidos no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, da ONU. A diferença é que eu apresentei os fatos de uma forma compreensível para os leigos. Os cientistas estudam o aquecimento global de maneira fragmentada e acabam tendo dificuldade de desenvolver uma visão geral do fenômeno.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE VAI REVISAR LISTA DE ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

O Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes vão revisar a lista das espécies ameaçadas de extinção, conforme portaria conjunta publicada na edição de quinta-feira (10) do Diário Oficial da União. A lista atual foi elaborada em 2004 e publicada no ano passado no Livro Vermelho Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. O material contém informações detalhadas sobre cada uma das 622 espécies ameaçadas da fauna brasileira. A portaria visa a agilizar a implementação da Política Nacional da Biodiversidade, voltada para a conservação e a recuperação das espécies ameaçadas em todo o território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva brasileira, para efeitos de restrição de uso, priorização de ações de conservação e recuperação de populações. A extinção das espécies ocorre lentamente durante milhares de anos, mas, nas últimas décadas, o homem vem acelerando esse processo com o mau uso dos recursos naturais. Uma das causas mais freqüentes da extinção é a degradação dos ambientes naturais. Grandes áreas abertas para a implantação de pastagens ou da agricultura convencional, assim como o extrativismo desordenado e a expansão urbana associada à ampliação da malha viária, estão entre os principais motivos de ameaça à conservação das espécies. Fatores como a poluição, os incêndios florestais, a formação de lagos para hidrelétricas e a mineração também contribuem para agravar o problema.

Fonte: Christina Machado/ Agência Brasil

NOVAS ESPÉCIES DE CORAL SÃO ACHADAS EM GALÁPAGOS


Cientistas descobriram até seis novas espécies de coral perto das Ilhas Galápagos, na costa do Equador, alimentando esperanças de que as formações podem ser mais resistentes ao aquecimento dos oceanos do que se acreditava. O pesquisador Terry Dawson, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, que realizou a pesquisa marinha, disse à BBC Brasil que foram encontradas "cinco ou seis espécies novas para a ciência", além de "três outras que são novas para as Galápagos e são semelhantes a espécies encontradas em lugares como o Panamá e a Costa Rica". Dawson acrescentou que também foi achada uma espécie que os cientistas acreditavam ter desaparecido após a última grande manifestação do fenômeno El Niño, entre 1997 e 1998. O projeto de três anos, que procura auxiliar o governo do Equador na preservação do ecossistema das Galápagos, concentrou-se em duas ilhas - Wolf e Darwin - no noroeste do arquipélago.
El Niño - A descoberta levanta duas questões, disse Dawson. A primeira hipótese é que os corais seriam mais resistentes ao aquecimento das águas decorrente do El Niño do que se acreditava. A segundo, é que os corais podem estar se adaptando e se tornando mais resistentes ao fenômeno. Opesquisador admite, contudo, que há pessimismo no mundo científico quanto ao futuro dos corais. Em longo prazo, se os corais não forem destruídos pelo aquecimento das águas, podem acabar vítimas da acidificação dos mares. Esse fenômeno é provocado pela concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que também provoca o aquecimento global. Recifes de coral são formados por depósitos de carbonato de cálcio deixados ao longo de milhares de anos por bilhões de pequenos organismos chamados pólipos de coral.


Fonte: Estadão Online

CERRADO SOFRE O DOBRO DO DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA, DIZ MINC.

O Brasil desmata uma área de cerca de 20 mil quilômetros quadrados de cerrado a cada ano, o dobro do que é desmatado na Amazônia, disse nesta quinta-feira (10) o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, segundo a Agência Brasil. A constatação é parte de um estudo do MMA que conclui que a degradação do cerrado é responsável pelo mesmo nível de emissões de gás carbônico que a floresta amazônica. Minc anunciou a abertura de consulta pública para o PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado), que vai coordenar e executar iniciativas que visam à redução do desmatamento na região. O ministro defendeu a aprovação da proposta de emenda à Constituição que transforma em patrimônios nacionais o cerrado e a caatinga, e tramita há 14 anos. “É importantíssimo que estendamos o monitoramento do desmatamento também a outros biomas, como a Caatinga, o Pantanal e o Pampa”, afirmou Minc. A partir de junho de 2010, segundo ele, será possível apresentar metas de redução do desmatamento de todos os biomas. “A base do plano será apresentada ainda hoje. O cerrado é fonte da maior parte do manancial de águas do país e não pode ser prejudicado pelo agronegócio”, disse. “Há dez anos, segundo nossos dados, tanto na Amazônia como no cerrado eram desmatados 20 mil quilômetros quadrados por ano. Felizmente conseguimos, por meio dos programas tocados pelo governo, reduzir pela metade o desmatamento no bioma amazônico. A má notícia é que ainda não conseguimos fazer isso pelo cerrado”, disse Minc, segundo informações da Agência Brasil.

Fonte: Globo Amazônia

MUNDO VAI ENTRAR EM PERÍODO DE RESFRIAMENTO GLOBAL, DIZ CIENTISTA DO IPCC.

"Eu não pertenço ao time dos céticos." Em princípio, não haveria motivos pelos quais Mojib Latif começasse assim sua apresentação durante a Conferência Mundial do Clima, realizada pela ONU em Genebra, na Suíça.
Afinal de contas, ele não estava fazendo uma apresentação para mais de 1.500 dos principais cientistas do clima do mundo todo por acaso - ele próprio é um dos autores diretos dos estudos feitos pelo IPCC, o órgão da ONU que vem alertando há anos sobre o aquecimento global e a participação do homem nesse aquecimento.Ser considerado um cético, nesse caso, significa não concordar com as conclusões dos estudos feitos pelo IPCC, seja uma discordância total ou mesmo parcial. E, ao longo dos anos, à medida que mais e mais cientistas "aderiam" às conclusões dos estudos patrocinados pela ONU, contrariar essas conclusões passou a ser encarado como uma postura política, na qual os argumentos científicos foram deixando rapidamente de serem importantes.
Latif, aparentemente temendo ser relegado ao "ostracismo científico" reservado a quem tem ousado desafiar a postura oficial, achou melhor se antecipar a qualquer acusação.
Duas décadas de resfriamento global - E não é para menos. As conclusões que ele iria apresentar a seguir, baseadas nos seus estudos mais recentes, aparentemente contrariam tudo o que o IPCC tem divulgado.
Segundo Latif, "nos próximos 10 ou 20 anos", uma tendência de resfriamento natural da Terra irá se sobrepor ao aquecimento causado pelos humanos. Se ele estiver correto, o mundo está no limiar de um período de uma ou duas décadas de resfriamento global. Somente depois, diz o cientista, é que o aquecimento global se fará novamente observável.
Mudanças climáticas naturais - O resfriamento seria causado por alterações cíclicas naturais nas correntes oceânicas e nas temperaturas do Atlântico Norte, um fenômeno conhecido como Oscilação do Atlântico Norte (NAO - North Atlantic Oscillation).Opondo-se ao que hoje pode ser considerado a ortodoxia das mudanças climáticas e do aquecimento global, o pesquisador do IPCC afirmou que os ciclos oceânicos foram provavelmente os grandes responsáveis pela maior parte do aquecimento registrado nas últimas três décadas. E, agora, o NAO está se movendo rumo a uma fase mais fria. Os dados sobre os ciclos naturais oceânicos são suficientes para explicar todas as recentes variações nas monções na Índia, nos furacões do Atlântico, o degelo no Ártico e vários outros eventos.
Degelo natural - E Latif não está sozinho em suas conclusões contestadoras. Vicky Pope, do Serviço Meteorológico do Reino Unido, lançou uma torrente de água gelada na estrela mais recente dos defensores do aquecimento global antropogênico: a redução da camada de gelo do Ártico.
Segundo ele, a perda dramática de gelo na cobertura do Ártico é parcialmente um produto de ciclos naturais, e não do aquecimento global. Relatórios preliminares sugerem que o degelo neste ano já é muito menor do que foi em 2007 e 2008.
Fim do aquecimento global? - "As pessoas vão dizer que isso significa o fim do aquecimento global. Mas nós temos que faz esses questionamentos nós mesmos, antes que outras pessoas os façam," defendeu-se novamente Latif.
O reconhecimento da importância dos fatores naturais sobre tantos eventos antes atribuídos ao aquecimento global causado pelo homem equivale a assumir que os modelos climáticos não são tão bons quanto se desejaria para predizer eventos de curto prazo."Em muitos sentidos, nós sabemos mais sobre o que irá acontecer em 2050 do que no próximo ano," admite Pope.
A afirmação tem mais sentido do que possa parecer à primeira vista. Os modelos climáticos, a grosso modo, são projeções estatísticas a partir de eventos passados. Isso os torna adequados para prever tendências, embora haja muito menos certeza sobre um ponto específico na curva de projeção - vale dizer, sobre a previsão para um ano específico.
Perda de credibilidade do IPCC - Mas isto não alivia muito as coisas. Os modelos do IPCC têm sido alvo de uma sequência de críticas (1, 2, 3) que podem minar muito mais a credibilidade das recomendações do órgão do que de suas conclusões científicas.A rigor, a descoberta de inconsistências e incompletudes nos modelos climáticos é algo mais do que previsível e verdadeiramente faz parte do desenvolvimento do trabalho científico. Nenhum cientista jamais defenderia que esses modelos sejam completos ou acabados. Na verdade, essas críticas e defeitos são até mesmo desejáveis, na medida que demonstram que o conhecimento está fazendo progressos. O grande problema é que esses modelos e seus resultados têm sido rotineiramente apresentados como fatos definitivos ao grande público, principalmente através do que se convencionou chamar de "catastrofismo climático" - uma série de projeções alarmistas, feitas por cientistas, que têm chegado ao noticiário mas que pouco têm a ver com ciência. O próprio fato do IPCC apresentar projeções para o ano 2100 sempre foi alvo de críticas dentro da comunidade científica, já que nenhum outro campo das ciências se atreveria a tanto. E o campo específico da meteorologia sempre afirmou que a precisão das suas previsões está na exata medida do volume de dados coletados e do período de tempo coberto pela previsão - quanto mais curto o prazo, mais precisa seria a previsão. Com isto, torna-se muito mais problemático convencer qualquer um de que as conclusões dos modelos climáticos acertarão as previsões para daqui a 50 ou 100 anos se eles não conseguem dar conta de eventos de curto prazo. Será mais difícil convencer sobretudo os políticos, que têm o poder para iniciar atitudes concretas de combate aos efeitos do atual estilo de desenvolvimento grandemente danoso ao meio ambiente, cause ele aquecimento global ou não.

Fonte: Site Inovação Tecnológica

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MULHERES NA ECOLOGIA - UFSCar.


O III Simpósio de Ecologia, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UFSCar, homenageará as mulheres que trabalham e pesquisam na área. O evento acontece de 27 a 29 de outubro, em São Carlos

A UFSCar – Universidade Federal de São Carlos foi a primeira do Brasil a implantar um programa de pós-graduação em Ecologia e Meio Ambiente, a fim de formar profissionais qualificados e competentes para o setor. O objetivo foi alcançado e, para homenagear as mulheres que trabalham e pesquisam na área de Ecologia com eficiência, a Universidade escolheu o tema “A contribuição das mulheres para a Ecologia do Brasil” para o III Simpósio de Ecologia. O evento, que acontece de 27 a 29 de outubro na própria UFSCar, em São Carlos, contará com a presença de renomadas pesquisadoras do Brasil e do exterior, para apresentar à platéia trabalhos nas áreas de:

– Ecologia Animal;
– Ecologia Aplicada;
– Ecologia de Ecossistemas Aquáticos;
– Ecologia Humana e Etnoecologia;
– Ecologia Ecologia Vegetal;
– Educação Ambiental;
– Planejamento e Gestão Ambiental.
O evento ainda será uma comemoração aos 33 anos do PPGERN – Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade. A programação completa do evento será divulgada, em breve, no site do Simpósio, onde também estão sendo efetuadas as inscrições para os interessados em participar.

III Simpósio de Ecologia – A contribuição das mulheres para a Ecologia do Brasil
Data: de 27 a 29 de outubro
Local: UFSCar
Mais informações no site do evento ou pelo telefone (16) 3351-8305 (16) 3351-8305

PLANTAS PARA CORTAR OZÔNIO INTERNO.

Epipremnum aureum
Sansevieria trifasciata
Chlorophytum comosum
Um dos principais componentes da poluição atmosférica, o ozônio é um gás incolor e altamente reativo formado quando o oxigênio reage com outros elementos químicos. Embora o ozônio seja mais frequentemente associado com o ar externo, ele também se faz presente em ambientes como casas e escritórios. Ozônio costuma ser liberado por conta do funcionamento de diversos tipos de impressoras, fotocopiadoras, luz ultravioleta e por alguns sistemas de purificação do ar. Como as populações em países industrializados passam em média mais de 80% de seu tempo em ambientes fechados, tal poluição tem sido encarada como um importante problema para a saúde pública. O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas estimou em 1998 que mais de 2 milhões de pessoas morrem a cada ano devido à toxicidade do ar em ambientes fechados. Estudos apontam que o número de mortes por conta de problemas decorrentes da baixa qualidade do ar é 14 vezes maior em ambientes internos do que em externos. Entre os efeitos tóxicos do ozônio para a saúde humana estão edemas pulmonares, hemorragia, inflamação e redução da capacidade pulmonar. Diante de tal cenário, diversos países têm buscado alternativas eficientes e cujo custo não torne suas aplicações inviáveis. Filtros de carvão ativado em aparelhos de ar condicionado reduzem os poluentes, mas seus custos de instalação e de manutenção são elevados. Um grupo de cientistas da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, acaba de publicar os resultados de um estudo que avaliou os efeitos de três plantas comuns nos níveis de ozônio em ambientes fechados. O trabalho foi publicado na revista HortTechnology, da Sociedade Norte-Americana de Ciência da Horticultura. Os pesquisadores utilizaram pés de espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata), clorofito (Chlorophytum comosum) e jibóia (Epipremnum aureum), que têm rica folhagem e são de fácil manutenção.Para simular escritórios e ambientes domésticos, os pesquisadores montaram câmaras em uma estufa equipadas com um sistema de filtragem do ar no qual as concentrações de ozônio pudessem ser reguladas e medidas. Dados das câmaras foram registrados a cada 5 minutos após a aplicação de ozônio. Os resultados mostraram que as taxas de depleção do ozônio eram maiores nas câmeras que continham plantas do que em outras sem, usadas como controle. Não houve diferença significativa entre as taxas apresentadas pelas três espécies de plantas. “Como a poluição do ar interno afeta grandemente os países, o uso de plantas como método de mitigação pode servir como uma alternativa eficiente e de baixo custo”, destacaram os autores. Segundo eles, a alternativa seria ainda mais vantajosa para os países em desenvolvimento, nos quais alternativas tecnológicas de controle da qualidade do ar em ambientes fechados são muitas vezes economicamente inviáveis.
O artigo Effectiveness of houseplants in reducing the indoor air pollutant ozone, de Heather Papinchak e outros, pode ser lido por assinantes da HortTechnology em
http://horttech.ashspublications.org.
Fonte: Agência Fapesp