quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MORRE CLAUDE LÉVI-STRAUSS



Claude Lévi-Strauss. Foto tirada em 8 de junho de 2001

Ele é considerado o fundador da Antropologia Estruturalista.

Claude Lévi-Strauss, morto no último sábado (1º), aos 100 anos de idade, foi um dos intelectuais mais relevantes do século XX. Destacado antropólogo, ele é considerado o pai do enfoque estruturalista, que influiu de maneira decisiva na filosofia, na sociologia, na história e na teoria literária. Poucos pensadores foram tão longe quanto Lévi-Strauss na exploração dos mecanismos ocultos da cultura, segundo o obituário publicado nesta terça-feira (3) no jornal francês "Le Monde". "Por vias diversas e convergentes, ele se esforçou para compreender a grande máquina simbólica que reúne todos os planos da vida humana, da família às crenças religiosas, das obras de arte às maneiras à mesa", diz o principal diário do país. Considerado um precursor da ecologia, segundo o jornal "Le Figaro", Lévi-Strauss escrevia de forma admirável sobre o funcionamento da sociedade. Autor de “Tristes Trópicos”, considerada um das mais importantes livros de não-ficção do século passado, ele viveu no Brasil nos anos 1930, e atuou como professor visitante na Universidade de São Paulo (USP). Na obra, ele narra seu encontro com índios no Mato Grosso e na Amazônia, fruto de expedições realizadas enquanto viveu no país. "Gigante do pensamento francês", segundo a revista "Nouvel Observateur", Lévi-Strauss era conhecido em todo o mundo como o mestre da antropologia moderna. "Filosofo de formação, este pioneiro do estruturalismo viajou o mundo para estudar os mitos”, diz a publicação na internet.

Centenário e lúcido

Ao completar 100 anos de vida, em 28 de novembro de 2008, reportagens nas principais agências de notícias do planeta relatavam que apesar de sua longevidade e intensa atividade intelectual desde antes da 2ª Guerra Mundial, Lévi-Strauss, membro da Academia da França desde 1973, gozava de boa saúde e se mantinha lúcido. Francês, ainda que nascido em Bruxelas (Bélgica) em 28 de novembro de 1908, este humanista era filho de um judeu agnóstico de origem alsaciana que o educou em um ambiente artístico, embora tenha terminado cursando Direito e Filosofia na Sorbonne de Paris. Autor também de "Mitologias", lecionou como professor desta última disciplina até receber um convite de Marcel Mauss, pai da etnologia francesa, para ingressar no recém-criado departamento de etnografia. Foi assim que despertou em Lévi-Strauss a curiosidade por um campo do conhecimento no qual desenvolveria uma brilhante carreira e que lhe concedeu um "lugar proeminente entre os pesquisadores do século 20", explicou à Agência Efe o professor de Antropologia Social da Universidade Complutense de Madri Rafael Díaz Maderuelo.

Na Amazônia

Sua nova vocação o levou a aceitar um posto como professor visitante na Universidade São Paulo (USP), de 1935 a 1939, estadia que lhe possibilitou realizar trabalhos de campo no Mato Grosso e na Amazônia. Ali teve estadias esporádicas entre os índios bororós, nambikwaras e tupis-kawahib, experiências que o orientaram definitivamente como profissional de antropologia, campo no qual seu trabalho ainda hoje "continua sendo válido para a maioria dos antropólogos", declarou Díaz Maderuelo sobre o autor de "O Pensamento Selvagem". Após retornar à França, em 1942, mudou-se para os Estados Unidos como professor visitante na New School for Social Research, de Nova York, antes de uma breve passagem pela embaixada francesa em Washington como adido cultural. Novamente em Paris, foi nomeado diretor associado do Museu do Homem e se tornou depois diretor de estudos na École Pratique des Hautes Études, entre 1950 e 1974, trabalho que combinou com seu ensino de antropologia social no Collège de France, até sua aposentadoria em 1982, quando dirigia o Laboratório de Antropologia Social. Discípulo intelectual de Émile Durkheim e de Marcel Mauss, além de interessado pela obra de Karl Marx, pela psicanálise de Sigmund Freud, pela linguística de Ferdinand Saussure e Roman Jakobson, pelo formalismo de Vladimir Propp etc., era ainda um apaixonado por música, geologia, botânica e astronomia.

Três contribuições

As contribuições mais decisivas do trabalho de Lévi-Strauss podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos. A teoria das estruturas elementares defende que o parentesco tem mais relação com a aliança entre duas famílias por casamento respectivo entre seus membros que, como sustentavam alguns antropólogos britânicos, com a ascendência de um antepassado comum. Para Lévi-Strauss, não existe uma "diferença significativa entre o pensamento primitivo e o civilizado", declarou Díaz Maderuelo, pois a mente humana "organiza o conhecimento em processos binários e opostos que se organizam de acordo com a lógica" e "tanto o mito como a ciência estão estruturados por pares de opostos relacionados logicamente". Compartilham, portanto, a mesma estrutura, só que aplicada a diferentes coisas. A respeito dos mitos, o intelectual sustenta, desde a reflexão sobre o tabu do incesto, que o impulso sexual pode ser regulado graças à cultura. "O homem não mantém relações indiscriminadas, mas as pensa previamente para distinguir-las. Desde este momento perdeu sua natureza animal e se transformou em um ser cultural", comentou Díaz Maderuelo. Para Lévi-Strauss, as estruturas não são realidades concretas, estando mais próximas a modelos cognitivos da realidade que servem ao homem em sua vida cotidiana. As regras pelas quais as unidades da cultura se combinam não são produto da invenção humana e a passagem do animal natural ao animal cultural - através da aquisição da linguagem, da preparação dos alimentos, da formação de relações sociais, etc - segue leis já determinadas por sua estrutura biológica.
Fonte: G1

terça-feira, 3 de novembro de 2009

RELAÇÕES ECOLÓGICAS

Sociedade dos Cupins
RELAÇÕES ECOLÓGICAS

RELAÇÕES INTRA-ESPECÍFICAS / HARMÔNICAS OU POSITIVAS
1. Sociedade: os organismos sociais podem movimentar-se livremente dentro da sociedade, como também abandonar o substrato de morada e deslocar-se pelo meio ambiente, coletando alimento; diferem das colônias basicamente pela independência física de seus integrantes. Ex: cupim, abelhas, formiga,...

2. Colônia: os indivíduos associados se acham unidos através de um substrato ou esqueleto comum, revelando uma profunda interdependência fisiológica.
AS COLÔNIAS PODEM SER:
1. ISOMORFAS ou HOMOTÍPICAS: os organismos apresentam a mesma forma, são iguais e executam todas as funções vitais ( não apresenta divisão de trabalho);
ex: corais (Coelenterata); esponjas; Balanus (Crustacea, cracas); bactérias; entre outros.
2. HETEROMORFAS ou HETEROTÍPICAS: os indivíduos são morfologicamente diferentes, ocorrendo a divisão de trabalho.
Ex: Physalia caravela, popularmente conhecida por “caravelas”. Formam colônias com indivíduos especializados:
1. proteção e defesa: dactilozóides;
2.reprodução: gonozóides;
3.natação: nectozóides;
4.flutuação: pneumozóides;
5.alimentação: gastrozóides.
Tanto nas colônias como nas sociedades, os indivíduos cooperam uns com os outros, apresentando profundo grau de interdependência; os indivíduos encontram-se organizados em castas, e a presença de polimorfismo (características morfológicas diferentes).

3. CANIBALISMO (RELAÇÃO INTRA-ESPECÍFICA NEGATIVA-DESARMÔNICA): é uma relação estabelecida por seres da mesma espécie que comem outros seres de sua própria espécie. Pode ocorrer em uma situação de completa falta de alimento. Ex: RATOS podem comer seus próprios filhotes; ARANHA viúva-negra, que logo após o acasalamento, devora o macho. LOUVA-DEUS, a fêmea devora a cabeça do macho após o acasalamento, em um ritual canibalístico. CANIBALISMO INTRA-UTERINO: é o caso dos filhotes de algumas espécies de tubarão, que ainda no útero materno devoram os “irmãos” menores como uma fonte de alimento para completar seu desenvolvimento.

RELAÇÕES INTER-ESPECÍFICAS HARMÔNICAS (POSITIVAS)
4. SIMBIOSE (MUTUALISMO OBRIGATÓRIO): relação entre indivíduos de espécies diferentes, onde as duas espécies envolvidas são beneficiadas sendo a associação necessária para a sobrevivência de ambas. Ex. associação de algas e fungos formando os liquens. Relação entre os cupins e protozoário (Tryconinpha): os cupins, ao comerem a madeira, não conseguem digerir a celulose, em seu intestino vivem os Tryconinpha, capazes de digeri-la, permitindo que os cupins aproveitem essa substância como alimento. Bacteriorriza: é o nome que se dá à associação formada pelas bactérias do gênero Rhizobium com as células das raízes de leguminosas, onde se originam as nodosidades. Leguminosa, evidenciando em suas raízes as nodosidades do gênero Rhizobium. Essas bactérias fixam o nitrogênio atmosférico. Transformando-o em compostos nitrogenados, que cedem às leguminosas. Estas usam o nitrogênio na síntese de seus aminoácidos e proteínas. Em troca, as leguminosas cedem, às bactérias, substâncias orgânicas que sintetizam.

5. MUTUALISMO FACULTATIVO (PROTOCOOPERAÇÃO): pelo menos um dos parceiros pode sobreviver separado do outro; os indivíduos não estão fisicamente ligados. Uma relação mutualística é simplesmente aquela em que organismos de espécies diferentes interagem em seu benefício mútuo. Em geral envolve a troca direta de bens ou serviços, como alimento, defesa ou transporte, e tipicamente resulta a aquisição de capacidades novas ao menos por um parceiro (Herre et al., 1999). O mutualismo não implica necessariamente uma associação física fechada: mutualistas não precisam ser simbiontes (Begon et al., 2007). Ex: Anêmona-do-mar e paguro; dispersores de sementes; polinizadores; anu e bovinos; pássaro-palito e jacaré, etc.

6. INQUILINISMO OU EPIBIOSE: o inquilinismo é definido como uma associação interespecífica harmônica, na qual apenas uma espécie se beneficiada sem, existir prejuízo para a outra espécie associada. O inquilino obtém abrigo (proteção) ou ainda suporte no corpo da espécie hospedeira. Ex: interação existente entre orquídeas ou bromélias e as árvores em cujo tronco se instalam (não há postura de parasitismo). Estas plantas são classificadas como EPÍFITAS (epi = em cima), esse tipo de inquilinismo é denominado EPIFITISMO.

O INQUILINISMO e o COMENSALISMO: são associações em que apenas um dos participantes se beneficia, sem, causar prejuízo ao outro. A diferença entre essas relações reside no fato de que no comensalismo relaciona-se com a alimentação e no inquilinismo a proteção. O peixe (Fieraster) encontra proteção no corpo do pepino-do-mar, o qual, por sua vez, não recebe benefício nem sofre desvantagem. Esse pequeno peixe, quando perseguido por algum inimigo natural, procura uma holotúria e penetra em seu ânus, abrigando-se no tubo digestivo desse equinodermo.

7. COMENSALISMO: o indivíduo usa restos da alimentação de outro, sem prejudicá-lo. Ex.: Hienas, que aproveitam restos das presas dos leões; Rêmoras que se aproveitam dos restos de alimento dos tubarões; Peixe-piloto. No intestino humano podem-se encontrar protozoários comensais, como a Entamoeba coli, que se nutrem de restos digestivos, sendo, beneficiados com a associação que estabelecem com o homem; não causam nenhum tipo de prejuízo a nosso organismo, em condições normais.

INTER-ESPECÍFICAS NEGATIVAS (DESARMÔNICAS)

8. AMENSALISMO OU ANTIBIOSE: é uma interação em que uma determinada espécie produz e liberta substâncias tóxicas que impede ou inibe o desenvolvimento de outros indivíduos, espécies, ou populações. A vegetação herbácea é escassa sob as nogueiras (Juglans regia e J. nigra) porque a água das chuvas, que escorre pelos troncos e pelas folhas arrasta com ela um composto tóxico que atua desfavoravelmente sobre a vegetação que cresce na sua vizinhança. O fungo Penicillium notatum produz uma substância que inibe o crescimento de bactérias no meio, fato que conduziu à descoberta da penicilina. Maré vermelha: sob determinadas condições ambientais, algumas espécies de Dinoflagelados, produzem substâncias altamente tóxicas, que são intensamente espalhados, formando enormes manchas vermelhas no oceano. A alta concentração dessas substâncias tóxicas provoca grande mortalidade de animais marinhos.

9. SINFILIA OU ESCLAGISMO: é a interação desarmônica na qual uma espécie captura e faz uso do trabalho, das atividades e até dos alimentos de outra espécie. Ex: formigas e pulgões: os pulgões parasitam certos vegetais alimentando-se da seiva que é rica em açúcares e pobre em aminoácidos. Como conseqüência da digestão dos carboidratos, os pulgões produzem excessiva quantidade de material açucarado, grande parte do qual eliminam com as fezes, o qual é aproveitado pelas formigas. Como forma de obter alimento, as formigas mantém pulgões cativos em seu formigueiro, fornecendo-lhes partes vivas de plantas e chegando até mesmo a “acariciá-los”, no sentido de estimulá-los a eliminar os produtos açucarados de que necessitam.

10. PREDAÇÃO: os predadores são organismos que matam outros organismos de que se alimentam. Esta interação desempenha uma importante função nas comunidades bióticas, pois constitui um dos processos fundamentais na regulação das densidades das populações. A interação predador-presa é uma relação dinâmica, em que cada espécie afeta a evolução da outra, ou seja, ao longo do processo evolutivo, predadores e presas tendem a aperfeiçoar os respectivos mecanismos de ataque e fuga. O gafanhoto, em bandos, devora rapidamente toda uma plantação. Nos casos em que a espécie predada é vegetal, costuma-se dar ao predatismo o nome de HERBIVORISMO. São poucos os casos em que o predador é uma planta. As plantas insetívoras, são bons exemplos, pois aprisionam e digerem principalmente insetos. Existem predadores generalistas, como o TEXUGO (Meles meles), que aproveitam os recursos alimentares disponíveis no meio (seu espéctro trófico é variado incluindo frutos, insetos, mamíferos, minhocas, etc). A coruja-das-torres (Tyto alba) alimenta-se de vários tipos de presas, mas prefere ratos. O lince-Ibérico (Lynx pardinus) é predador quase que exclusivamente de coelhos. Predadores especialistas como este utilizam somente os excedentes das populações presa, pois se as eliminassem totalmente sucumbiriam também.

11. COMPETIÇÃO (INTER E INTRA-ESPECÍFICA): compreende a interação ecológica em que indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes disputam alguma coisa, como alimento, território, luminosidade. Pode ser intra-específica ou inter-específica; esse tipo de interação favorece um processo seletivo, com a preservação das formas de vida mais bem adaptadas ao meio, e a eliminação de indivíduos com baixo poder adaptativo. Constitui um fator regulador da densidade populacional, contribuindo para evitar a superpopulação das espécies. O princípio de competição exclusiva (Gause, 1932): “Duas espécies não podem coexistir indefinidamente sobre um mesmo recurso limitante”. Experimentos similares em uma variedade de organismos mostraram o mesmo resultado: uma espécie persiste e outra se extingue em 30-70 gerações.
QUANDO É POSSÍVEL A COEXISTÊNCIA DE ESPÉCIES POTENCIALMENTE COMPETIDORAS? Se duas espécies coexistem em um ambiente estável, elas o fazem como resultado de diferenciação de nichos, mais precisamente, de nichos realizados. Ainda segundo o princípio de competição exclusiva, para espécies coexistirem utilizando recursos limitantes, é necessária diferenciação de nichos.

Predação

Planta Insetívora

Mutualismo obrigatório (simbiose)

Mutualismo facultativo

Esclavagismo

Epifitismo

Comensalismo

Colônia Isomorfa

Colônia Heteromorfa

Antibiose

Autor: Maria José Lunardon Branco, PhD.

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